Lula articula apoio a Felipe Camarão no Maranhão e tenta conter projeto pessoal de Brandão


Lula articula apoio a Felipe Camarão no Maranhão e tenta conter projeto pessoal de Brandão


Por Redação Política | Barreirinhas (MA), 24 de setembro de 2025


Com o retorno ao Brasil previsto para os próximos dias, após participação na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se reunir com o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), para discutir os rumos da sucessão estadual em 2026. O principal objetivo da conversa será reforçar o nome do atual vice-governador, Felipe Camarão (PT), como candidato único da base aliada e evitar a fragmentação do grupo governista.


Nos bastidores, a movimentação é vista como uma tentativa de Lula de barrar uma articulação em curso liderada por Brandão para lançar um nome alternativo, possivelmente seu próprio sobrinho, como candidato ao governo estadual. A ideia é reverter o avanço desse projeto pessoal do governador, que vem ganhando força discretamente entre setores do PSB e de partidos aliados.


Relação política construída nos últimos anos


Lula tem um histórico de relação próxima tanto com Carlos Brandão quanto com Felipe Camarão. Brandão, inicialmente ligado ao grupo de Flávio Dino, foi alçado ao governo com apoio da esquerda e consolidou sua reeleição com o suporte decisivo do PT e do próprio Lula em 2022. Já Felipe Camarão, filiado ao PT desde 2021, foi secretário de Educação por quase uma década, é visto como quadro técnico com perfil moderado e tem mantido postura de lealdade ao projeto nacional do partido.


A presença de Camarão como vice foi, inclusive, uma articulação pensada para preparar o terreno para sua futura candidatura, com anuência de Lula e do então governador Flávio Dino, hoje ministro do STF.


“Felipe representa a continuidade de um projeto de inclusão social e estabilidade política que o Maranhão conquistou com Flávio Dino e Brandão, e que Lula deseja preservar”, afirma um dirigente estadual do PT, sob reserva.


Maranhão: peça-chave no tabuleiro nacional


O Maranhão tem sido um dos estados mais leais ao lulismo nas últimas eleições. Em 2022, Lula obteve mais de 70% dos votos no estado no segundo turno. A manutenção do estado sob comando da esquerda é considerada estratégica para o PT, especialmente diante da expectativa de uma eleição nacional polarizada em 2026.


Com a presença de Camarão no comando estadual, o PT manteria influência direta sobre um dos maiores colégios eleitorais do Nordeste, ao passo que evitaria ceder espaço para alas mais conservadoras dentro da própria base aliada.


Tensões na base e risco de racha


Apesar das aparências de unidade, lideranças políticas locais apontam que há desconforto dentro do PSB com a possível imposição do nome de Camarão. O governador Brandão tem sido pressionado por setores familiares e aliados regionais para “ter voz” na definição do próximo candidato.


A ideia de lançar seu sobrinho, cujo nome ainda é mantido em sigilo fora dos bastidores, seria uma forma de Brandão manter influência direta no governo após o fim de seu mandato. O movimento, porém, tem sido visto como um risco de desagregação por parte da direção nacional do PT.


"Se a base rachar, abre espaço para a direita crescer no estado. E esse é o cenário que Lula quer evitar a qualquer custo", resume um analista político maranhense.


Próximos passos


A reunião entre Lula e Brandão deverá ocorrer ainda nesta semana, assim que o presidente retornar ao Brasil. A expectativa é que o encontro defina os rumos da pré-campanha e que Brandão seja pressionado a declarar apoio explícito a Felipe Camarão, encerrando de vez as especulações sobre candidaturas paralelas dentro do grupo.


Internamente, o PT já trabalha com a pré-candidatura de Camarão e pretende oficializá-la no início de 2026, após uma nova rodada de consultas com os partidos da base e apresentação de um plano de governo.


Até lá, Lula e sua equipe política seguem em campo, trabalhando para alinhar os palanques estaduais com o projeto nacional e evitar surpresas desagradáveis, especialmente em estados estratégicos como o Maranhão.

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