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| Ex governador do Maranhão e atual Ministro do STF Flávio Dino. / Ao lado Atual governador Carlos Brandão. |
Editorial: A Traição de Brandão e a resistência do Dinismo no Maranhão
Durante quase uma década, o Maranhão viveu um ciclo político inédito. Sob a liderança de Flávio Dino, o estado experimentou uma reconfiguração ideológica marcada pela valorização de políticas públicas, combate às velhas práticas coronelistas e formação de uma base sólida de aliados — o chamado grupo dinista.
Era um movimento que, mais do que partidos, unia um projeto. Dino e seus aliados construíram uma frente progressista que conquistou o governo estadual, ampliou sua influência em Brasília e plantou raízes profundas em várias cidades do interior. E foi neste terreno fértil que nasceu uma figura aparentemente leal: Carlos Brandão, vice de Dino, herdeiro do mandato e, na teoria, continuador daquele legado.
Mas o que se viu depois foi um script clássico da política brasileira: traição, oportunismo e tomada de poder.
Da Aliança à Ruptura
Ao assumir o governo em 2022 com o apoio direto de Dino e sua base, Brandão prometia continuidade. Mas, pouco a pouco, esse compromisso foi sendo substituído por cálculos pessoais e conveniências políticas. Começou a cortar pontes com os dinistas, substituiu nomes históricos por novos aliados — muitos ligados a práticas que o dinismo sempre combateu — e se afastou dos ideais progressistas.
Brandão escolheu o poder pelo poder. E, ao fazer isso, traiu o grupo que o colocou onde está.
Nepotismo, Controle e Silenciamento
O novo governo Brandão passou a acumular acusações de nepotismo, com familiares nomeados em cargos estratégicos. Não demorou para o STF intervir e suspender nomeações de pessoas ligadas diretamente ao governador. Investigações sobre desvios de recursos públicos voltados à educação também atingiram membros do círculo próximo do Palácio dos Leões.
Mas os dinistas — antes parte essencial do governo — foram sendo sistematicamente silenciados, exonerados, escanteados. A máquina estatal, antes compartilhada entre os partidos aliados, foi monopolizada por um novo grupo: os brandonistas, muitos vindos de oligarquias políticas e setores conservadores que até pouco tempo eram adversários do projeto iniciado em 2014.
Um Projeto Esvaziado
Hoje, o dinismo resiste, mas respira por aparelhos. Com Dino no STF e fora da articulação política direta, o grupo viu secretarias, prefeituras e cadeiras legislativas serem tomadas por forças menos comprometidas com os ideais que deram novo rumo ao Maranhão.
Na eleição municipal de 2024, o grupo de Dino sofreu derrotas importantes, perdendo espaço para candidatos alinhados a Brandão ou à velha guarda que voltou com força.
O Preço da Traição
Carlos Brandão pode ter consolidado poder a curto prazo, mas carregará consigo o peso de ser o traidor de um projeto histórico. Ele não apenas rompeu com Dino — rompeu com uma esperança. Transformou um governo progressista em um instrumento de acomodação fisiológica, de recompensas políticas e de nepotismo.
É possível que os brandonistas vençam as próximas batalhas. Mas a história do Maranhão lembrará que, entre o projeto e a ambição, Brandão escolheu a ambição. E deixou para trás os que acreditaram que ele era mais do que um oportunista de ocasião.
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