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| Governador Carlos Brandão e Deputado Othelino Neto |
A decisão do presidente nacional do PSB, João Campos, de entregar o comando do partido no Maranhão à senadora Ana Paula Lobato, nesta quinta-feira (17), representa um duro golpe na estrutura de poder do governador Carlos Brandão. Mais do que uma simples mudança administrativa, o movimento escancara a perda de força política do chefe do Executivo estadual e sinaliza uma reorganização na base do governo Lula, cada vez menos tolerante com ambiguidades ideológicas.
Com o comando do PSB escapando de suas mãos, Brandão perde uma das principais legendas da coligação que o elegeu. E perde mais: prestígio, espaço e controle sobre articulações que influenciam diretamente as eleições de 2026. João Campos, insatisfeito com o desempenho do partido sob gestão brandonista nas eleições de 2024, e enfrentando dificuldades na formação de chapas proporcionais, decidiu agir — e o recado foi direto: quem não está alinhado ao projeto progressista do PSB, que procure outro caminho.
Brandão, que já admite nos bastidores sua migração para o União Brasil ou MDB — siglas mais próximas ao seu novo perfil de centro-direita —, vê agora ruir parte da base que sustentava seu projeto político. A troca de comando fortalece diretamente os aliados do ex-governador Flávio Dino, os chamados “dinistas”, que retomam protagonismo dentro da base lulista no Maranhão. Ana Paula Lobato, agora presidente estadual do PSB, deve ser acompanhada por nomes como o deputado estadual Othelino Neto, já cotado para disputar vaga na Câmara Federal em 2026.
Mais do que uma disputa por cargos, o episódio revela uma batalha ideológica dentro da base governista. De um lado, os progressistas que querem manter o PSB como linha auxiliar do projeto de esquerda encabeçado por Lula. Do outro, os brandonistas, inclinados a costurar alianças com partidos conservadores em busca de sobrevida política.
Brandão ainda governa, mas politicamente já começa a cair. Perder o PSB pode ter sido apenas o primeiro passo de um esvaziamento que tende a se acelerar. No tabuleiro do poder, a esquerda se reorganiza — e o centro, mais uma vez, parece sem rumo.

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